Ardem-me cá dentro todas essas palavras desmerecidas que são agora deles. E somos assim. E passamos o tempo todo a queimar tudo o que temos e a perguntar porquê nós? Temos frio, muito frio. Temos fendas, muitas fendas. Não sabiamos. E tinhamos cá dentro palavras que nos ardem, que nos queimam. Que se perdem. E eles vão. Dizem sempre que vão viver. Que se vão juntar à multidão. E desse lado nos observam naquilo que eram. Sempre postos num canto, de livre vontade, como livros empilhados esqueçidos. Sublinhados no pior que temos. Esqueçidos no que melhor tinhamos. Cabisbaixos. Melancólicos. Mas com estrelas que nos entram pelos olhos a dentro e nos fazem brilhar por dentro. Mas eles nunca querem ver. Eles não gostam de estrelas. E às vezes sabemos que não vivemos mas vivemos. E que às vezes temos de ir viver. Porque fazemos parte do mundo. Que nos ignora e magoa. Mas fazemos parte dele. E um dia somos fracos. Mas fracos no meio da multidão. E levamos estrelas connosco. E ainda sabemos quem as tem. E quem somos. E aqui no canto já não gritamos porque o nosso amor morreu.
M.
M.
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