Eu estou do lado de cá a ver-te passar. Eu estou do lado de cá a deixar-te ver-me cair. Não consigo fugir da apatia. não consigo porque eu sou a apatia. as coisas deixaram de ter o mesmo significado e agora tudo está claro. eu quero ir embora. não, eu não vou pegar num bilhete e ir de comboio até à ultima estação. eu quero ir de ir. eu quero ir por não ter mais nada que me faça sentir. e quero deixar de sentir a dor da apatia. e deixar de ter empatia por desconheçidos. não quero mais a marta. ela não sabe viver. eu quero ir-me embora da marta. sinto-me presa. presa em mim. estou cansada de representar. de pareçer feliz. e forte. não tenho destino. nem presença. e devo de o mereçer por todas as vezes que fui cabra comigo...mas isso cansa. cansa e eu quero ir-me embora. despareçer. não consigo calar-me por dentro. eu estou a gritar. eu vou gritar. e vou continuar a sofrer. e vou continuar a não saber agir. e depois vou dançar ao som da minha tristeza e ouvir a minha vida toda. e dança-la. e senti-la e não vivê-la porque foi sempre isso que soube fazer.
Eu estou sentada no chão. e estou a ver todos sairem porta fora. olham e eu sou só mais uma estranha. estamos num antro de estranhos cada um no seu mundinho e pequeno pedaço de nada. uns fazem-se acompanhar por outros. outros tantos estranhos fazem questão de contar em detalhe o seu dia anterior. eu. como os outros. tenho uma estranha perto de mim que conta repetidamente o seu dia de ontem. tenho metade da cabeça ocupada a querer cantar e outra metade a ouvi-la. ela acaba e a cabeça encheçe por completo. acho que fica á espera que lhe conte qualquer coisa. mas não me apeteçe falar com estranhos mesmo que eles façam questão de falar para um ser como eu. Estamos naquele antro. e contam-se os grupos. uma infinidade deles. às vezes de relançe olham-me. ou sou eu que os olho continuamente. consigo intimida-los e fazer com que retomem à conversa que poderei até estar a invejar ou a detestar. confesso a mim mesma que não me importava de conheçer aqueles cinco ou seis estranhos apesar de repudiar todo o resto. ali eu sou uma estranha mais estranha que eles. eles teêm-se uns aos outros e revelam-se mesmo que com medo. não devem gastar demasiado tempo a gritar por dentro e gastar tudo o que têm deles só porque fazem questão de arder sempre mais. é desconfortável ser-se estranha no meio deles. e observá-los e ás vezes repudiá-los e não conheçe-los.
Eu estou sentada no chão. e estou a ver todos sairem porta fora. olham e eu sou só mais uma estranha. estamos num antro de estranhos cada um no seu mundinho e pequeno pedaço de nada. uns fazem-se acompanhar por outros. outros tantos estranhos fazem questão de contar em detalhe o seu dia anterior. eu. como os outros. tenho uma estranha perto de mim que conta repetidamente o seu dia de ontem. tenho metade da cabeça ocupada a querer cantar e outra metade a ouvi-la. ela acaba e a cabeça encheçe por completo. acho que fica á espera que lhe conte qualquer coisa. mas não me apeteçe falar com estranhos mesmo que eles façam questão de falar para um ser como eu. Estamos naquele antro. e contam-se os grupos. uma infinidade deles. às vezes de relançe olham-me. ou sou eu que os olho continuamente. consigo intimida-los e fazer com que retomem à conversa que poderei até estar a invejar ou a detestar. confesso a mim mesma que não me importava de conheçer aqueles cinco ou seis estranhos apesar de repudiar todo o resto. ali eu sou uma estranha mais estranha que eles. eles teêm-se uns aos outros e revelam-se mesmo que com medo. não devem gastar demasiado tempo a gritar por dentro e gastar tudo o que têm deles só porque fazem questão de arder sempre mais. é desconfortável ser-se estranha no meio deles. e observá-los e ás vezes repudiá-los e não conheçe-los.
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