domingo, abril 08, 2007

não nos conhecemos. não sabemos nada um do outro. somos completos estranhos. volta e meia sonho contigo. volta e meia leio o pouco que posso saber de ti. volta e meia faço de conta que não existes e passado algum tempo lá estás tu e lá estou a pensar o que terei eu haver contigo ou tu comigo. no fundo deve ser nada. mas às vezes pareçe tudo. não devemos ter nada em comum. na verdade temos. todos têm algo em comum. tu bem que podes ser o livro de reclamações divino que andam por aí a carregar porta a porta. ora morres ora nasces outravez. ora existis e acredito em ti ou então és mentira e faço de ti verdade. não é assim que aconteçe ao livro divino de reclamações e perdões? nunca ninguém lhe diz nada. eu pelo menos nunca lhe disse. as senhoras dão-lhe esmolas e vá-se lá saber se na crença delas aquilo serve de alguma coisa senão dar dinheiro ao padre e pareçer que há mais paz na mentira que faz de conta que é verdadeira. não se devia chamar fanatismo a isso? é isso que digo sempre que posso, isto até todos me cairem em cima e eu pareçer mais a filha do diabo que outra coisa qualquer. eles até chegam a ter sorte ao menos têm um livro de reclamações com uma caixota gigante onde cabe um homem que se faz de sabedor. sabedor da vida dele e da dos outros. ele dá-lhes paz e eles notas ou moedas. Na verdade lamento informar mas a paz compra-se, compra-se à hipócrisia do faz de conta e mais lamentável é a hipócrisia gratuita dos homens da caixota e dos seus seguidores.
continuamos a não ter nada em comum, nada que se saiba, falo de ti e comparo-te ao livro de reclamações e aos homens das caixotas e ao fanatismo. é isso. talvez não gostes de paz barateada ou dada e talvez nem sequer gostes de fanatismo ou nem acredites no livro divino como eu.

Sem comentários: