acordo e ainda é domingo.
raramente escrevo a palavra amor, raramente escrevo aquilo que não sinto. o mais estranho é que não te sinto, o mais estranho é que só te penso. porque tu infiltras-te 'aqui', no lado secreto do coração. Os amores dantes sabiam a outra coisa menos racional, sentiam-se e bastava-me. raramente cansavam ou doiam. acho que a idade tende a matar 'isto' que sou. e o que sou afasta-se tanto das palavras doces e simples que fui. não era suposto elas falharem-me desta maneira, não era suposto petrificarem no peito com a dor, porque assim não sou eu, assim sou só a Marta. e isso nunca me chega, ficar do lado avesso da vida, do lado negro dos sonhos. Talvez sejas demasiado poético para caber na profundidade do meu peito e eu demasiado racional para de te sentir. porque os amores são, afinal de contas, para se sentirem, não é para fazer sentido.
domingo sempre me soube aos dias longos, onde tudo é puro e límpido e as memórias sem substância. ao domingo acreditava nas histórias de amor, na possibilidade de elas caberem nestas mãos, de caberem, no fundo, em mim. porque o ar carrega leveza e, ao domingo, não me apetece um coração emprestado.
ao domingo as coisas não são obrigadas a fazer sentido. as palavras não precisam de ser maiúsculas. porra, ao domingo não me devia desintegrar, a culpa é do amor egoísta, a culpa é da Marta que já não acredita em histórias de amor e que raramente diz amor porque o sente.
vou continuar a dormir até não ser domingo.
Boa noite.
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