quinta-feira, novembro 30, 2006

Se apenas o coração bombeia, o sangue circula e o cerebro pensa isso faz de nós vivos. E o resto? Quem se importa se nos sentimos vivos? Se nos deixamos ficar num corpo imóvel. se nos sentimos inúteis. dispensáveis. frustrados. A necessidade de amar alguém. de sofrer por alguém. a maneira como nos inventamos e pensar que existimos não como seres dispensáveis. saber que caimos no esqueçimento e que as lágrimas secaram porque chora-mos dia-após-dia. estámos gastos. tudo o que há em nós está gasto. os sonhos já não são sonhos. já só passam de desejos um dia idealizados. o olhar está vazio e distante. estamos perdidos em nós.

eu sou estranha e dispensável. não me sinto viva mas estou viva. Está frio. as mãos geladas e os pés quietos. o sinal de que estou viva. a cada respiração vemos o ar que é nosso. afinal vivemos todos do mesmo ar. e respiramos uns dos outros. é tudo uma troca. dar e receber. ou esqueçer. e à falta de mãos quentes ou frias que se deiem. juntamos as mãos em forma de concha e levamos perto da boca. supramos e aqueçemo-nos connosco e com quem tenha respirado o mesmo ar que nós.

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