quarta-feira, outubro 24, 2007

Um ano livre de obrigações permanentes não é de todo o melhor. Contráriamente ao que a maioria poderia pensar.
Inicialmente é muito fácil, são as férias grandes que sempre tive, só que com prolongamento no final do jogo e esse jogo tem nada mais nada menos que a duração de um ano. Normalmente tempo a mais trás-me vida a menos e é aí que os pensamenos surgem sobre tudo e todos, fluem de tal maneira que mal se podem agarrar. Não há muito mais que isto para se fazer, não se a curiosidade e o pensamento constante de obrigação permanente não assombrassem todos os segundos. Tenho de ler. tenho de aprender. tenho de me fazer valer. Tudo menos perder um ano. Mas o ano está perdido. Por mais metódica que seja isso não vai resolver nada. Então decido adiantar-me. Aprendo tudo o que poder e para o ano sou a melhor. Mediana de novo é que não.
Deparo-me com um personagem que não soubesse eu que cheguei depois e que o meu nome é Marta bem poderia ser ele, Okada. Tem o mesmo tempo que eu. De sobra. Tão de sobra que chateia. Dá para tudo. Para agradar à familia, aos vizinhos e ao gato também. Não estou dentro do livro ou ele fora dele. Estou a lê-lo e a reler-me entretanto. Não querendo isto dizer que tudo me é semelhante folha a folha. Partilho das ideias do personagem, ou melhor, do seu autor, que, diga-se, porporciona uma bela viajem pela sociedade japonesa contemporanea, em que as semelhanças são extraordinárias, a barreira entre ocidente e oriente é infima ou quase nenhuma, não fosse o palco da narrativa Tóquio e o mesmo talvez não fosse verdade.
Quanto a ocidente e oriente fico-me pela China e pelo Japão. o fascinio leva-me até ao extremo oriente e não,não é certamente o fascinio que me trará sucesso, mas independentemente disso, as minhas prioridades fazem-se rumo ao sol nascente. Não faltam entraves e pensamentos plenos de ignorancia. Ora não terei um bom salário ou sequer emprego ou única e simplesmente não quero fazer nada.
Isto remete-me imediatamente para o personagem que não é de todo um fracassado mas que está ciente das suas capacidades e daquilo que é ou não. Facto é que se denomina de mediocre face a terceiros e coisa que não deixa de admitir é a sua falta de disponibilidade para o que quer que seja dada a sua falta de conhecimento próprio. Há então um paradoxo existencial inerente a este, coisa que me remete, novamente, à minha pessoa.
A vizinha, e face à minha curta leitura, tem a particularidades interessantes, tais como uma despreocupação desmedia aliada a uma naturalidade estranha. Uma mistura curiosa mas boa e por vezes um tanto confusa.
O senhor Honda ivoca os momentos de guerra, com relatos incriveis e metáforas que prevejo serem fundamentais no futuro do personagem principal.
Alargo-me nas palavras, vou tecendo comentários ao livro, livro este que me foi presenteado em data de aniversário e que me trás o entusiasmo para pelo menos continuar a acreditar num sonho que não será certamente nulo, vejo-o apenas interrompido em órbita, uma órbita anual. Vou apreendendo o melhor de tudo. Espero ser o suficiente de mim enquanto não chega o tempo de ter vida e falta de tempo, afinal de contas o meu entrave maior foram senão as palavras, o português, que de tanta facilidade, despreocupação e preguiça se fez o meu pior inimigo, formou-me uma barreira anual intransponivel. Sou péssima e mais não se fala, resta-me mais um exame no final, ou isso ou nada, e aí não há mediocridade que me valha a pena.

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