sábado, outubro 27, 2007

e filmes. Le Scaphandre et le Papillon

dias de outono e luzes apagadas

Aqui não há tantas luzes quanto isso.há frio e dias de Outono.e indiferença que de tanto encher rasga.
Aqui há solidão e escolhas inoportunas tão pouco descabidas que se ficam por mim. O maior dos esforços é o pior dos fracassos. Vai-se além do hórizonte resguardado na mente e aquilo que resta é um imenso deserto inabitado. a desilusão trás rostos indiscretos que nadam antes da superficie. Não menos moribundos, mas sempre mais vivos que eu. Eles sempre esperam alguém, nem que seja uma mão que empurre ou um vicio menor que os agarre noutros dias. alguém lembre de os resgatar aonde o mar é profundamente escuro, que eu sabia isto, do pouco que me lembro, nada me trás o melhor de ninguém, senão o desassocego inútil viajante de mim e noutros tempos que já não sei, de alguém.

sexta-feira, outubro 26, 2007

As pessoas deviam de ser como os gatos...

...independentes e senhores de si. ou gatos de si.

tanto melhor que o gato das galochas só o meu, de pantufas e vasto casaco branco, um pequeno nariz castanho, o seu nariz de madeira e uns belos olhos esverdeados. Muito conversador e gato de si mesmo. E aveitureiro como sempre haveria de ser, pai de uma pequena gata ainda por apelidar e marido, por assim dizer, da gata da vizinha. Se bem que, esposas gatas foi coisa que nunca lhe faltou, assim como uma pequena irmã que por um curto periodo de tempo por aqui habitou, mas que da noite pró dia terá sido raptada por o vizinho do lado que à muito a ameaçava dado os seus ataques fortivos aos pequenos piriquitos que na marquise engaiolados se encontravam eram continuos.
Sendo a assim, a pequena malhada foi raptada, a sua anterior esposa, a fofinha, também gata da vizinha por sinal experiente em roubar todo o tipo de chouriças, alheiras e comidas enlatadas para gato da melhor qualidade foi, para infelicidade do meu gato , atropelada.
Mais uma vez, viuvo e rapaz solteiro, faz uma vida arriscada na noite. As lutas são constantes e não são raras as vezes em que o seu casaco vem empoeirado da rua, não sendo também menor o numero de arranhões.
Levando uma vida arriscada, mas normalmente farta, não dispensando a sua diária resmunguisse e olhar de quem nega a paternidade e o compromisso com as gatas da vizinha , que insistem em comer todo o seu mantimento de forma descarada.
Já velho e com pouca paciência o pouco que faz é deixa-las abasterem-se e por fim, quando estas já aspiraram por completo os recipientes de comida, é chegada a vez dele.

...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Um ano livre de obrigações permanentes não é de todo o melhor. Contráriamente ao que a maioria poderia pensar.
Inicialmente é muito fácil, são as férias grandes que sempre tive, só que com prolongamento no final do jogo e esse jogo tem nada mais nada menos que a duração de um ano. Normalmente tempo a mais trás-me vida a menos e é aí que os pensamenos surgem sobre tudo e todos, fluem de tal maneira que mal se podem agarrar. Não há muito mais que isto para se fazer, não se a curiosidade e o pensamento constante de obrigação permanente não assombrassem todos os segundos. Tenho de ler. tenho de aprender. tenho de me fazer valer. Tudo menos perder um ano. Mas o ano está perdido. Por mais metódica que seja isso não vai resolver nada. Então decido adiantar-me. Aprendo tudo o que poder e para o ano sou a melhor. Mediana de novo é que não.
Deparo-me com um personagem que não soubesse eu que cheguei depois e que o meu nome é Marta bem poderia ser ele, Okada. Tem o mesmo tempo que eu. De sobra. Tão de sobra que chateia. Dá para tudo. Para agradar à familia, aos vizinhos e ao gato também. Não estou dentro do livro ou ele fora dele. Estou a lê-lo e a reler-me entretanto. Não querendo isto dizer que tudo me é semelhante folha a folha. Partilho das ideias do personagem, ou melhor, do seu autor, que, diga-se, porporciona uma bela viajem pela sociedade japonesa contemporanea, em que as semelhanças são extraordinárias, a barreira entre ocidente e oriente é infima ou quase nenhuma, não fosse o palco da narrativa Tóquio e o mesmo talvez não fosse verdade.
Quanto a ocidente e oriente fico-me pela China e pelo Japão. o fascinio leva-me até ao extremo oriente e não,não é certamente o fascinio que me trará sucesso, mas independentemente disso, as minhas prioridades fazem-se rumo ao sol nascente. Não faltam entraves e pensamentos plenos de ignorancia. Ora não terei um bom salário ou sequer emprego ou única e simplesmente não quero fazer nada.
Isto remete-me imediatamente para o personagem que não é de todo um fracassado mas que está ciente das suas capacidades e daquilo que é ou não. Facto é que se denomina de mediocre face a terceiros e coisa que não deixa de admitir é a sua falta de disponibilidade para o que quer que seja dada a sua falta de conhecimento próprio. Há então um paradoxo existencial inerente a este, coisa que me remete, novamente, à minha pessoa.
A vizinha, e face à minha curta leitura, tem a particularidades interessantes, tais como uma despreocupação desmedia aliada a uma naturalidade estranha. Uma mistura curiosa mas boa e por vezes um tanto confusa.
O senhor Honda ivoca os momentos de guerra, com relatos incriveis e metáforas que prevejo serem fundamentais no futuro do personagem principal.
Alargo-me nas palavras, vou tecendo comentários ao livro, livro este que me foi presenteado em data de aniversário e que me trás o entusiasmo para pelo menos continuar a acreditar num sonho que não será certamente nulo, vejo-o apenas interrompido em órbita, uma órbita anual. Vou apreendendo o melhor de tudo. Espero ser o suficiente de mim enquanto não chega o tempo de ter vida e falta de tempo, afinal de contas o meu entrave maior foram senão as palavras, o português, que de tanta facilidade, despreocupação e preguiça se fez o meu pior inimigo, formou-me uma barreira anual intransponivel. Sou péssima e mais não se fala, resta-me mais um exame no final, ou isso ou nada, e aí não há mediocridade que me valha a pena.

Captain meow

segunda-feira, outubro 22, 2007

Parabéns a mim.

quinta-feira, outubro 18, 2007

abraça-me.
eu vi a morte esta noite. e soube o que era o medo.
Por haver quem ousasse dizer que queria morrer
não me estenderam as mãos.

Viram-me invevitávelmente miserável
Perceberam que por fim
a minha imitação perfeita se viu livre de prazeres

Nem por isso se riram
da minha inconsciênte irresponsabilidade
ou das minhas mãos trémulas
que tentava recolher desesperadamente.

Não era nada comigo
ou nada com eles.
Nada que não soubesse-mos.

Eu tinha-a aqui resguardada a espreitar.
Inalava do seu frio
e mergulhava na nossa dor.

Nada comigo. nada contigo.
nada aqui.
nada aqui que não fosse mais que o medo
mais que a dor.
menos que o medo.
o medo.
algum dia algo mais que dor.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Olha demoradamente e pergunta se é seguro,
pega
e finalmente sente o queimar.

Amanhã já não há dedos que me valham,
as palavras estão queimadas
e as mãos ainda ardem.

Nem uma uma unha ou um segredo mal roido.

Maldito fim de tarde ocasional
feito de riscos, cinza e carvão
e de relatos inconstantes
mal formados
corroidos pelo vazio mental.

Não podia ser segura
uma tentativa de compreender
as manchas do cósmico entardecer

O gozo reactivo a uma fixação paradoxal prolongada.

E a resposta das mãos.
sob os dedos desapareçidos.

domingo, outubro 14, 2007

cránio despedaçado
o mundo é meu, os olhares são meus
raro momento
em que ossos são meus e estão esmagados
devo ter ficado melhor que na fotografia
o sangue quente
a queda final
sem medo
o contra tempo
já não sou uma pobre coitada
que viaja desesperada em si
cheguei
sou eu!
eu!
toca-me a pele muda.
a boca silenciada
sem melodias gritantes
distorcidas
errantes
imperceptivel
leva-me
só a alguns
nunca quis o mundo em mim, nem o toque de tudo e todos
insignificante demasiado
leva
leva tudo
dá-me de beber aos olhos sedentos por verdade
não fui o melhor de mim
castiga-me
impermiabilidade
insanidade
veneno quente que jorrou
perfurou
imprópria
plástico bidimencional
transpõe
inclausurada na dor
o meio.
o medo.
o asfalto negro.
a massificação
o seguimento.
o insurgimento.
fingimento
e as cópias.
um mundo de cópias de flashes velhos que se repetem.
inconsciêntes
indolores
eu.
um murro no estomago.
e as flores e as borboletas
repetidas em particulares belezas que não se imitam.
uma falsa simbologia.
um falso seguimento.
o engano.
o entrave
o asfalto negro e seco.
a decepção
sublime e nunca doce
a descoberta
a partilha
a insignificante partilha
a insegurança
e todos os in's que surgem, constantes.
disperça.
direcção
a beleza do simples.
a dificuldade do simples.
a pena de chegar tarde.
ou a pena tardia?
a espera
a loucura.
o entusiasmo.
a descoberta tardia.
não chegou.
ou chegou?
a indiferença
a revolta.
o egoismo descarado ou o esqueçimento?
a espera.
o relativismo.
a incerteza.
os dedos cansados.
as palavras repetidas na loucura
e na espera
a tinta seca
a alma insensível
sucumbe
falta-me tudo
tudo!
o fim da bateria
o colapso mental
o botão.
o café.
a adrenalina
a calma.
a canção.
a loucura das palavras. insánas.
(des)necessárias.
a lenta desilusão.
espreita.
vem ao de leve.
e retoma.
ou toma-me de vez.
a corbardia de não fugir.
um telhado com perspetiva.
estáctica.
vazia.
estendida.
acobardo-me neste escape sem me conseguir afogar.
de olhos fechados.
longe da relva.
perto céu. sem um deus.
sem ninguém a tocar-me os dedos.
abrir as mãos.
sonhar palavras de outubro.
com a queda do dia.
e das folhas.
a imerssão.
o flutuar perfeito
um sorriso num fim de tarde.
a certeza, num dia.
num telhado.
de olhos fechados.
os defeitos extraordinários.
extraordináriamente admirados.
o confronto final.
o (re)conhecimento de tudo.
a desleixada dor.
travada.
incapaz de sobrepôr a conformidade.
a desistencia final na minha luta.
o eu que flutua. de olhos semi abertos.
que ainda teme. de mãos abertas. de dedos cansados. de alma dorida.
o confuso misterioso estupidamente saboreado ao pormenor.
o sublinhar de tudo.

domingo, outubro 07, 2007

diz-me tu que eu já não sei. fiquei apenas sem saber o que sentir. ou com nada para sentir. como um entrave, lento e irredutivel.
não foi racional. não foi.
nem havia ninguém. nem uma história, um conto, um sorriso ou uma lágrima daquelas com que nunca soube lidar.
era eu, ridiculamente sózinha. ridiculamente racional. perto demais de mim para compreender a devastação do ser no próprio ser.
não houve uma exclamação que dissesse "maldita dor!", "maldito amor!".
era um maldito nada.
tão quiéto e frio. tão sem nada para perceber.
é a isto que sabe?
não cheguei a meio só de temer saber do meu próprio ser.
não quis saber de mim, do outro lado deve ser pior que vazio, melhor que nada.
e eu não sei. nem quero saber.




a voz ficou calada e a mão diz que a música é triste.