sexta-feira, dezembro 29, 2006

A mentira ficou nos bancos do jardim onde me sentava com os amigos que tinha ou com ele. Os passos perderam-se e os bancos deixam de ser vermelhos e já não prendem lá mais ninguém. Já mais ninguém se aqueçe lá. Eu já não me aqueço lá. E nessa altura podia ter pego nas poucas tralhas que tenho e ir para lá só tu e eu ou os amigos que tinha. iamos. e contavamos as histórias todas outravez. e lembrar de novo que nos conheçiamos desde a primeira classe e dizer-mos como tinha tudo mudado. nós tinhamos mudado. ou quando não estava eu e eles e estava eu e tu. quando tu te sentavas e eu deitava a cabeça no teu colo e ficava-mos horas a falar. quando era inverno e tu me davas as tuas maos e aqueçias as minhas sempre frias. quando havia alguém nesses bancos vermelhos e se ficava quente e bem. e era-se feliz e não se sabia. e vai-se sempre pelo mesmo caminho de volta a casa, quando o caminho que deviamos ter feito era o de ter lá ficado, nesses bancos quentes de jardim. perdi-me nos passos, perdi-me no caminho e fico eu e as minhas tralhas. já ninguém me lembra mais e agora sabe tudo a mentira e eu já não quero mais saber ir para lá, onde os bancos estão se eles estão tão sós e tão gastos e me dizem a verdade do tempo cravado neles.

sábado, dezembro 23, 2006

O inadaptado

O inadaptado é um frustrado sem amigos, ouve metal, é descuidado na sua imagem e tido como anti-social. Enquanto criança nunca teve amigos, é normalmente egoista após ter sido demasiado simpático. Não é egocentrico. Foge de todas e quaiquer atenções. Não é de nenhuma religião normalmente, sendo por isso ateista. Todos o tratam como um débil mental. E na ideia da maioria é um delinquente que rouba, fuma e bebe. É o tipico Porco/a e também imbecil dado que é completamente inadequada a sua existencia em sociadade. É um lixo. Pode ser perigoso e por isso qualquer atenção é pouca. Apesar da atenção a ter em conta o melhor a fazer é ignora-lo. É um drogado também. Nunca quis saber dos estudos e é um inculto. A qualquer momento pode matar toda gente sem qualquer ressentimento disso. Tudo isto por influência não só dos outros iguais a si como também da música que ouve, que por sinal incentiva a este tipo de comportamento. O inadapatado além de frustrado sofre de graves depressões e de crises de loucura, levando-o isto aos actos referidos anteriormente. Usa o calão frequentemente e os seus comportamentos são inadequados. O inadaptado resume-se a um inutil.

Apteçe-me rir ao ler isto, e quando se vê qualquer ideia destas que em vez de tentar mudar as opiniões ajuda a consolidar tais coisas ridiculas. A falta de amigos, a falta de crença numa qualquer religião, o sentimento de dor e vazio, a música ou a porra que seja não faz do inadaptado um individuo perigoso com intenção de matar toda gente. O máximo que faz é matar-se a si próprio. Se consome droga ou bebe apenas faz o que os outros fazem. Acho que é só incompreendido e é escusado dizer que é estupido rotular qualquer pessoa de anti-social. Pois mesmo que o seja não constitui qualquer perigo e se por acaso constituir algum perigo será tanto como o de uma pessoa normal como ele. O inadaptado apenas não é visto como normal. E depressões qualquer pessoa tem. E momentos de histerismo ou loucura como lhe queiram chamar toda a gente os tem. O problema deve sentir em demasia. Por isso fodam-se os rotulos. E sim. Eu acho-me uma inadaptada e rotulos destes provocam indignação. A verdade é que lá no fundo somos uns mal educadinhos. E a nossa música é doentia porque a sentimos. A vossa que vos mande foder ou não é sempre muito bonita. E sou uma inculta. E juntando mais as restantes caracteristicas isso faz de mim louca por isso eu posso matar toda gente, mas o mais provável é matar-me a mim antes dado que o unico mal de que sofro é de solidão.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Deixo de viver mas não deixo de pensar, e de me sentir inútil e inadaptada. eu devia dizer-lhe tudo e dizer-me a mim mesma que já perdi tanto tempo. e que sou incapaz de pareçer alguém normal com sentimentos. sou estranha. costumava ser simpática. e à medida que me fui apercebendo do meu desinteresse pelas pessoas tornei-me insuportável para os outros. enquanto eu apenas os ignorava de maneira estupida e talvez devido a isso nunca me senti bem entre um grande grupo de pessoas. tanto histerismo ou os estados infinitos de apatia levam-me a pensar se estou louca. ignoro os desconheçidos e os conheçidos. inclusive os mais próximos. às vezes dou por mim a chorar como uma desgraçada ou a rir de qualquer coisa como uma idiota inconscientemente. nunca conheçi ninguém com os meus gostos que eu. ou se conheçi foi por pouco tempo e esse pouco tempo levou-me a um maior estado de apatia. mudaram-me de turma. e não tinha um amigo que fosse. não daqueles que via fora da escola. mas chorei como uma desgraçada desde o momento em que me apercebi que tinha de conheçer mais gente. que tinha de me adaptar e que tinha de aprender tudo de novo. tinha de aceitar de novo os olhares e os comentários. tornei-me egoista e se sempre os tinha ignorado então agora fazia ainda menos caso. tornei-me cansativa. repetitiva nos dias. ouvia musica. ouvia sempre a musica que me fazia chorar. depois apaixonei-me por alguém que pensava que me compreendia mas não demorou muito até ser abandonada. culpei-me sempre. até hoje. sem precisar de compreender mais nada. deixei de pensar nele e não que isso resolve-se nada cheguei ao ponto em que me esqueçi dele por nunca mais o ver. Perdi tempo. demasiado tempo. e continua a necessidade de me aprisionar a alguém que me compreenda. que me faça sentir viva. ele ficou esqueçido e só lembrado nas palavras e nesse mesmo passado deveria lá estar eu sózinha sentada como todos os dias à espera. e vi-o passar. todos os dias. às vezes mais que uma vez. e não era nem é uma paixoneta. e tenho medo de me prender a alguém que não me diz nada. mas que se apercebeu que existo no meio da multidão. que me fixa e pareçe tentar perceber. e assusta. assusta pensar que perdi tanto tempo. que ainda perco. e fico num estado de agonia que não me deixa agir. que não me deixa pensar. fico ainda mais inútil. mais cansada. sem mais força para suportar aquilo em que me tornei.

também assusta gostar de desconheçidos. e perceber que eles nos observam tanto. acho que me tornei demasiado incapaz de me relacionar com alguém que me tornei "nisto". também não sei porque escrevo estas coisas. fracassada devia ser o meu nome. e iludida. e sempre que acordo devia dizer olá solidão e pela tarde cumprimentar a loucura e à noite ficar-me pelo desassocego.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

E quando os meses passarem e tudo acabar? Vou ter de ver-te partir como hoje? isso doi e não devia.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Olá. Adeus. Olá.

Já nem me importo se vinhas e me abandonavas outravez. se me mentias descaradamente e eu acreditava. se eras tu ou não. tu vinhas. ficavas. e ias. não interessa se a solidão é minha. se a dor é minha. tu vais e fica isso tudo. e eu nem sei quem tu és. diz porra. Diz!! porra. isso faz sentir-me um débil mental. olha olha não me sinto especial. toda gente se devia sentir especial e abraçada e ter alguém a quem chamar amor. e ter amigos. e ter essas coisas e pessoas banais mas especiais. não é? toda gente tem isso. eu nem precisava de uma mão cheia de pessoas. uma chega. uma que me oiça e perceba. acho que tu não me ias perceber. nem ias perceber as minhas lágrimas nem as minhas loucuras e muito menos as minhas palavras. não deves de gostar de loucos fracos que todos abandonam mais que uma vez. isso faz sentir-me usada. e de que importa isso? nem aquilo de que mais gosto sei fazer direito. podia pintar. escrever. olhar-te. milhares de vezes que nunca ia ser perfeito. eu sou feita a preto e branco. provavelmente as cores que tenho na minha camisola não chegam para mim e para ti. nem chegam para mudar nada entre nós. olha. o céu está a chorar. e eu podia estar num passeio a levar com todas as minhas lágrimas e começar a pesar-me em mim em cada poro da minha pele. mas hoje fiquei aqui. hoje e ontem e sábe-se lá quantas mais vezes. eu fiquei aqui. no meu quarto. a porta continua aberta. e consigo ver as lágrimas escorrerem na janela. elas perseguem-me. e se houver algum dia uma enchente eu vou afogar-me em mim e como louca que sou vou dizer olha que bonito que infeliz teve a sorte de se afogar. a cor da camisola não chega para nós. que se foda então se fica só comigo. comigo ela não é nada. eu não sou nada. nada em ninguém. no coração de ninguém. tu devias ser especial. eu também. sabes? tu és especial sempre que me abraças. e eu deixo de o ser quando acordo e tu és mentira. ou quando te vejo distante e real e práticamente inálcansável por eu não ser a tal. por ser apenas a que se sente abandonada e abraçada por alguém que práticamente a deve mandar foder sempre que a vê sonhar acordada a olhar para si. Olha podes quebrar-me mais a alma e deita-la fora as vezes que quiseres porque também deixei de me importar quantas vezes me reciclo por nada. para ninguém.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

eu não quero chegar ao ponto em que me acho louca o suficiente para me matar. deixar que a Marta me faça mal porque às vezes tem um coração de plástico. sonhar. sonhar faz-me mal. deixa-me a memória baça. já não sei bem o que é verdade ou apenas criação minha. faço-me pagar por tudo e dou por mim a castigar[me] a marta. a marta é marta e não Marta. é pequena e a Marta continua a maltrata-la porque alguém insiste em fazê-la sonhar. a marta conta pelos dedos as vezes em que foi feliz e conta de novo, preferia não saber contar e achar que foram 100 vezes ou 20 com os dedos das mãos e dos pés...ela sabe e os numeros diminuem para duas mãos e para uma e a marta já não se quer lembrar mais então deixa de puxar pelo coração e começa a puxar os dedos e as mãos e os braços e de novo os dedos e as unhas roxas. se a marta esticar demasiado as unhas e depois os dedos e depois os braços e se a Marta não a maltratar e a ajudar a puxar mais um bocadinho a marta consegue tocar no tecto e ter o branco. talvez deixe de chorar ou ser maltratada ou talvez pare de pensar no abraço que precisa porque sonhou com ele de novo a abraça-la. os sonhos cansam e os dedos doem e o coração seca e grita. ela não sabe de mais nada por hoje vai dormir e sentir que é abraçada e depois acordar e sentir-se maltratada e "desabraçada" e sózinha.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

vale apena lutar quando já sabemos de que não adianta de nada e seja lá o que se faça isso só vai prolongar a dor e tudo vai continuar a acabar na mesma, num quarto de hóspital, entre quatro paredes à espera que os pulmões falhem por fim, depois da luta e do sonho, o erro inútil da estupida máquina humana.