Deixo de viver mas não deixo de pensar, e de me sentir inútil e inadaptada. eu devia dizer-lhe tudo e dizer-me a mim mesma que já perdi tanto tempo. e que sou incapaz de pareçer alguém normal com sentimentos. sou estranha. costumava ser simpática. e à medida que me fui apercebendo do meu desinteresse pelas pessoas tornei-me insuportável para os outros. enquanto eu apenas os ignorava de maneira estupida e talvez devido a isso nunca me senti bem entre um grande grupo de pessoas. tanto histerismo ou os estados infinitos de apatia levam-me a pensar se estou louca. ignoro os desconheçidos e os conheçidos. inclusive os mais próximos. às vezes dou por mim a chorar como uma desgraçada ou a rir de qualquer coisa como uma idiota inconscientemente. nunca conheçi ninguém com os meus gostos que eu. ou se conheçi foi por pouco tempo e esse pouco tempo levou-me a um maior estado de apatia. mudaram-me de turma. e não tinha um amigo que fosse. não daqueles que via fora da escola. mas chorei como uma desgraçada desde o momento em que me apercebi que tinha de conheçer mais gente. que tinha de me adaptar e que tinha de aprender tudo de novo. tinha de aceitar de novo os olhares e os comentários. tornei-me egoista e se sempre os tinha ignorado então agora fazia ainda menos caso. tornei-me cansativa. repetitiva nos dias. ouvia musica. ouvia sempre a musica que me fazia chorar. depois apaixonei-me por alguém que pensava que me compreendia mas não demorou muito até ser abandonada. culpei-me sempre. até hoje. sem precisar de compreender mais nada. deixei de pensar nele e não que isso resolve-se nada cheguei ao ponto em que me esqueçi dele por nunca mais o ver. Perdi tempo. demasiado tempo. e continua a necessidade de me aprisionar a alguém que me compreenda. que me faça sentir viva. ele ficou esqueçido e só lembrado nas palavras e nesse mesmo passado deveria lá estar eu sózinha sentada como todos os dias à espera. e vi-o passar. todos os dias. às vezes mais que uma vez. e não era nem é uma paixoneta. e tenho medo de me prender a alguém que não me diz nada. mas que se apercebeu que existo no meio da multidão. que me fixa e pareçe tentar perceber. e assusta. assusta pensar que perdi tanto tempo. que ainda perco. e fico num estado de agonia que não me deixa agir. que não me deixa pensar. fico ainda mais inútil. mais cansada. sem mais força para suportar aquilo em que me tornei.
também assusta gostar de desconheçidos. e perceber que eles nos observam tanto. acho que me tornei demasiado incapaz de me relacionar com alguém que me tornei "nisto". também não sei porque escrevo estas coisas. fracassada devia ser o meu nome. e iludida. e sempre que acordo devia dizer olá solidão e pela tarde cumprimentar a loucura e à noite ficar-me pelo desassocego.
também assusta gostar de desconheçidos. e perceber que eles nos observam tanto. acho que me tornei demasiado incapaz de me relacionar com alguém que me tornei "nisto". também não sei porque escrevo estas coisas. fracassada devia ser o meu nome. e iludida. e sempre que acordo devia dizer olá solidão e pela tarde cumprimentar a loucura e à noite ficar-me pelo desassocego.
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