sábado, agosto 30, 2008

sou, infelizmente, mais um ramo genético que sobreviveu à gestação e resta-me senão mais o conformismo, porque não morri estrangulada engulo depois uma dose letal de palavras e fico fatalmente asfixiada Mordo a lingua e trinco mais uma vez os pensamentos, é desta que fico eternamente dormente, cega e fria como um galho e com um vocábulo atravessado por dentro.

Que mal é que isto tem? Afinal ainda é Agosto e não raia o sol, se isso pode ser, isto também.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Sento-me curvada e observo os pequenos fragmentos de tempo, tento compreender as palavras ou a falta delas quando uma imagem simples me apareçe distraida, estarei eu aqui, finalmente situada à frente do tempo que sempre temi e com razão, não fosse o medo intemporal e eu julgar-me ia nessa lama passada que hoje me envolve e sufoca. Morri mais um pouco, morri sem conseguir perceber qual seria a explicação obvia para algo simples que figura a minha vida, permaneço inexpressiva perante a dor, continuo fatigada pelo cansaço do pensamento e dir-me-ia desperdiçada não fosse a memória estar baralhada e os dedos pareçer-me-iam já derrotados para muito lá do fim e jamais voltaria por mim, pelas unhas quebradiças e pela pele rasgada feita de abismos que se abriram a cada miragem perdida de mim, aqui e hoje, sabotada pelo presente perdida na lama do passado, não me vejo, sento-me e curvo-me, baixo o olhar para as mãos e elas não gritam, os dedos não me dizem nada de ti, nada de mim, rendo-me à tua razão dificil de digerir e finalmente já nada me sorri. Percorro apenas este caminho infernal destinado ao abandono, não estico os braços no ar nem espeto as unhas na carne, os numeros perseguem-me confusos, a mente fende sem abalar e vejo ainda um inferno qualquer familiar do qual me esquivo, rastejando e marcando a sangue todas as saidas que pela vontade ficam pela luta, que pela hábito ficam pela morte. Quase me fizeste quebrar, quase.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Eu não sou eu e não é nada estranho nem irónico que tenha medo de ser infeliz ou de me sentir tão desligada e nada eu.

Não consigo perceber a minha falta de memória para todos os factos negativos mas significantes da vida. Tenho medo mas não me sinto alerta o suficiente para estar alerta, pareçe que vou perder de qualquer das maneiras porque já não sou eu que controlo aquilo que quero porque aquilo que quero me pareçe impossivel de ter e dificil de conseguir por já me ter sido recusado.
Não me deixam ser eu, nem eu.
Apaguei os restos de memória e dor. Temo ficar para sempre aqui, aonde me deixei e deixas-te, sempre só cansada de mim.