sábado, dezembro 18, 2010

O Amor Louco

Os homens desesperam estupidamente do amor - eu próprio desesperei -, passam a vida escravizados pela ideia de que este se encontra sempre para trás, e nunca à sua frente: os séculos passados, a mentira do esquecimento aos 20 anos. Suportam, e, sobretudo, esforçam-se por admitir que o amor, com todo o seu cortejo de luzes, não é, exactamente, para eles mesmos, esse olhar sobre o mundo feito do olhar de todos os adivinhos. Lançam mão de claudicantes e falaciosas recordações às quais chegam a atribuir, na origem, uma queda imemorial, e tudo isso para se não sentirem demasiado culpados. No entanto, naquela promessa que para cada um de nós toda a hora futura encerra, esconde-se o segredo da vida, segredo que um dia poderá, ocasionalmente, vir a revelar-se em qualquer outro ser.


(André Breton, O Amor Louco


A biblioteca da universidade é uma merda. Ponto. 


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