quarta-feira, outubro 13, 2010

Agora, a minha solidão vê-se melhor

I


Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
          Oferecendo a flor
          Que adiámos colher.


Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite 
           Não existe piedade
           Para aquele que hesita.


Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
           Longo indelével rasto
           Que o não-vivido deixa.


Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
           Vai sempre à frente
           Do que o teu próprio passo

(Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual, Obra Poética III)

Piquenique mental matinal. Terminada a poesia e a prosa, vou ver um filme de Hiroshi Teshigahara. Distracções para a solidão não se ver melhor e que vão bem com uma gripe em pleno Outono.

E agora, um chá com mel.

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